A data serve para a conscientização da importância do Programa Nacional de Triagem Neonatal. Patologista clínico reforça que a precocidade do diagnóstico garante a melhor abordagem terapêutica para mudar o curso natural de doenças graves em crianças

Em 06/06, realiza-se o Dia Nacional do Teste do Pezinho! Um exame simples e de extrema importância para a prevenção de doenças e pronto-diagnóstico. A Lei que ampliou para 50 o número de doenças detectadas está em vigor há 2 anos, mas apenas 73% das crianças, com menos de dois anos, haviam realizado o teste até o 5º dia após o nascimento, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE). Sem o diagnóstico precoce, muitas condições podem evoluir para a morte do bebê, ainda no primeiro ano de vida.    

Na triagem neonatal a amostra de sangue coletada segue para o laboratório, público ou privado, onde é realizada a testagem, que detecta precocemente doenças metabólicas, genéticas e infecciosas, que poderão causar alterações no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê. O exame é conhecido como “Teste do Pezinho”, apenas no Brasil, devido  à maneira como é realizado. “O teste é elaborado a partir de gotas de sangue do bebê, retiradas do calcanhar, que pode identificar doenças pré-sintomáticas e até pré-patológicas", explica o médico Dr. Armando Alves da Fonseca, especialista em Pediatria e Patologia Clínica. 

A denominação dos testes é livre, mas poderia ser padronizada. O mais importante, no momento da análise, é considerar as condições que serão pesquisadas em cada teste. “A utilização da tecnologia de Espectrometria de Massas em Tandem foi um divisor de águas e tornou possível a investigação de 40 diferentes doenças metabólicas hereditárias, dando início às triagens ampliados, no início do século XXI”, esclarece o médico pediatra e patologista clínico.  

O procedimento oferece inúmeros benefícios capazes de alterar a natureza das doenças e a Triagem Neonatal Biológica (TNB), possibilita a identificação de doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, precocemente, permitindo que o indivíduo possa receber tratamento adequado evitando sequelas e até mesmo a morte. 

Em 2019, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial (SBPC/ML) teve protagonismo na inclusão de um código na tabela de Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CHBPM) para o teste de Triagem Neonatal para Imunodeficiências. O pleito foi realizado em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) e foi aprovado pela Câmara Técnica da Associação Médica Brasileira (AMB). A ação tinha como objetivo incorporar o exame ao teste do pezinho, como critério universal, para identificar imunodeficiências no primeiro ano de vida das crianças.

Leia mais sobre o assunto no LTO - https://labtestsonline.org.br/screenings/exames-de-triagem-de-recem-nascidos


Quando deve ser realizada a Triagem Neonatal?
O Teste de Triagem Neonatal deve ser colhido em todos os recém-nascidos entre o 3º e 5º dia de vida. Os recém-nascidos que tiveram alta da maternidade antes da coleta do teste do pezinho são encaminhados à Unidade Básicas de Saúde (UBS) de referência para que colham o exame antes do 5º dia de vida.

E os prematuros, também colhem?
Sim, todos os recém-nascidos colhem. O que ocorre é que, nos prematuros haverá uma convocação para uma nova coleta entre 2ª e 6ª semanas de vida, dependendo da imaturidade e dos procedimentos que o prematuro necessitou na unidade neonatal.

Como o teste de triagem Neonatal é colhido?
É colhida uma pequena amostra de sangue do pezinho do recém-nascido em papel filtro específico que será levado ao laboratório para a análise e pesquisa das várias doenças. Por isso, é conhecido como o teste do pezinho.

Quais são as doenças detectadas no exame?
Hipotireoidismo Congênito (HC), Fenilcetonúria (PKU), Doença Falciforme (DF), Aminoacidopatias (AA), Fibrose Cística (FC), Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) e Deficiência de Biotinidase (BIO).

Fontes: SBPC/ML, Ministério da Saúde e Escola Paulista de Medicina (USP)

A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) realiza, em Brasília, Distrito Federal, no dia 24 de junho de 2023, sua Jornada de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, reunindo especialistas renomados de diversos Estados do Brasil. O evento é voltado para médicos, biomédicos, farmacêuticos e outros profissionais que atuam em laboratórios clínicos, além de médicos residentes e alunos de graduação e pós-graduação.

A "Sociedade Brasileira de Patologia Clínica" foi fundada pelo médico Erasmo José da Cunha e colegas médicos, que atuavam na especialidade Patologia Clínica. O ano era o longínquo 31 de maio de 1944 e a cidade, a capital do país, Rio de Janeiro. Mesmo naquele tempo seu maior desafio era “trabalhar pela elevação de nível das condições científicas e profissionais dos que exercem a especialidade”. Agora, que completa 79 anos, reafirma seus objetivos: “estimular sempre o engrandecimento da Especialidade dentro dos padrões ético-científicos”.

Impossível contar, em poucas palavras, a trajetória da entidade ao longo dos anos, mas vamos destacar as principais ações a cada década, que padronizaram e inovaram o setor de análises clínicas.

1944
No primeiro estatuto, a patologia clínica foi definida como o setor da ciência e prática médicas que consiste na aplicação da anatomia patológica, da hematologia, da fisiologia, da bacteriologia, da imunologia, da parasitologia e da química, no diagnóstico das doenças. O texto trouxe também a definição médica para especialidade, “o patologista clínico é um médico consultante, especializado na aplicação dos exames de laboratório ao diagnóstico das doenças”.

1950 
É publicada a primeira edição da Revista Brasileira de Patologia Clínica, com apresentação de artigos técnicos e científicos. 

1960 

  • A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica firma convênio com a Associação Médica Brasileira (AMB) para concessão de Título de Especialista em Patologia Clínica;
  • Reconhecida como organização médica de âmbito nacional, a entidade realiza o 1º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica, em São Paulo.

 

1970 

  • É editado o primeiro manual prático, com fundamentos sobre ensaios radioisotópicos in vitro, com o objetivo de facilitar o aprendizado dos médicos patologistas clínicos.
  • Com o aval do Conselho Federal de Medicina (CFM), a Sociedade passou a qualificar médicos em sua área, como especialistas.
  • O Rio de Janeiro recebeu o 11º Congresso Mundial de Patologia Clínica.

1980 
Para aprimorar o conhecimento científico, técnico e educacional, a Sociedade criou o primeiro Conselho Científico, que editaria um manual de procedimentos especializados, que seriam utilizados nas bancadas dos laboratórios. 

1990 

  • A Patologia Clínica, atendendo solicitação do Conselho de Especialidades da AMB, foi definida como especialidade médica responsável por elaborar técnicas e procedimentos, com o objetivo de chegar à hipótese diagnóstica e verificar a presença de fatores de risco.
  • No biênio 1995/1997, a SBPC mudou-se para a sede atual, um conjunto de salas comerciais no bairro do Catete, Zona Sul carioca. Na mesma ocasião, foi criada a logomarca da Sociedade e entrou em operação o site na Internet.
  • A SBPC mais uma vez mostrou preocupação com a qualidade ao criar o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC), por meio de aprovação em Assembleia Geral Ordinária da SBPC/ML realizada em 06 de setembro de 1998, que se tornou uma referência no setor.

2000 

  • A Sociedade Brasileira de Patologia Clínico adotou a expressão “Medicina Laboratorial”, para atender aos novos conceitos e avanços tecnológicos na especialidade;
  • O PALC lança a norma versão 2000 e acredita os primeiros laboratórios.
  • Criou o Programa de Indicadores Laboratoriais, em parceria com a empresa ControlLab, com o objetivo de contribuir para o aumento da produtividade, da lucratividade do setor e melhorar resultados operacionais;
  • Publicou a 1ª edição de Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial - Coleta de sangue venoso;
  • Lançou a Biblioteca Digital disponibilizando conteúdo científico, técnico e educacional para profissionais e estudantes que atuam no setor de diagnóstico laboratorial e saúde;
  • A SBPC/ML garantiu a certificação ISO 9001:2008, por seu sistema de gestão da qualidade.

2010

  • É lançado o Lab Tests Online BR – LTO BR mantido e atualizado por médicos patologistas clínicos para esclarecer dúvidas de profissionais de saúde e leigos sobre exames laboratoriais e doenças e estados clínicos relacionados;
  • A Norma PALC versão 2016 e a SBPC/ML como Entidade Acreditadora recebem reconhecimento internacional (acreditação) pela International Society for Quality in Health Care (ISQua).

2020

  • Evidencia o importante papel da Patologia Clínica e Medicina Laboratorial como prática médica;
  • A Sociedade realizou dois Congressos Brasileiros na modalidade virtual para debater assuntos urgentes, como a pandemia do Covid-19, a inteligência artificial e os avanços dos testes laboratoriais.

E neste ano de 2023,
A jornada do conhecimento promovida pela SBPC/ML prossegue rumo aos seus 80 anos. Em setembro, São Paulo vai abrigar o 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica / Medicina, com o tema: Papel do Laboratório Clínico na Promoção da Saúde. Com um objetivo bastante claro e que foi iniciado desde a publicação de seu primeiro estatuto: “promover uma aplicação mais extensa dos médicos de laboratório ao diagnóstico das doenças”.

 

O Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC), promovido pela SBPC/ML desde 1988, é referência internacional no segmento de Medicina Laboratorial, e é acreditado pela ISQua. Dois representantes do Programa, sob a liderança do diretor de Relações Institucionais, Dr. Wilson Shcolnik, participaram de importantes reuniões de grupos de trabalho da The International Federation of Clinical Chemistry and Laboratory Medicine (IFCC) no congresso Worldlab/Euromedlab, realizado em Roma, entre 21-25 de maio de 2023. São eles os membros da Comissão de Acreditação de Laboratórios Clínicos (CALC), Dr. Fernando Berlitz e Dra. Luisane Vieira.

Dr. Fernando Berlitz participou da reunião do Working Group da IFCC - Laboratory Errors and Patient Safety (WG-LEPS; Erros Laboratoriais e Segurança do Paciente), do qual a SBPC/ML faz parte.  De acordo com ele, o grupo estimula estudos sobre erros laboratoriais e indicadores da qualidade relacionados, recomendando estratégias para ampliar a segurança dos pacientes na prestação de serviços e cuidados em saúde. 

“Dentro desse contexto, o nosso Programa de Benchmarking de Indicadores Laboratoriais, fruto de uma parceria entre a SBPC/ML e Controllab desde 2006, é considerado referência de sucesso como plataforma que permite aos laboratórios de 14 países compartilhar seus resultados de indicadores de desempenho”. 

Na reunião desse grupo durante o congresso, Dr. Wilson Shcolnik e Dr. Fernando Berlitz apresentaram o status atual do programa e as novidades disponibilizadas aos participantes, entre estas a integração automatizada de dados via sistemas de LIS. Nesse grupo a SBPC/ML e a Controllab se unem a outros profissionais de referência, representando entidades de diversos países do mundo. 

O Dr. Wilson, pela SBPC/ML, impulsiona essa temática dos erros laboratoriais e indicadores de desempenho, atuando como embaixador do programa de benchmarking de indicadores há quase duas décadas. O Dr. Fernando Berlitz, membro da CALC na SBPC/ML, atua como gestor do Programa de Indicadores na Controllab, conduzindo as estratégias de expansão e melhoria contínua desse programa de relevância internacional. 

O grupo de trabalho da IFCC é liderado pelo Dr. Mário Plebani, uma referência internacional nesse tema. Na presente reunião durante o congresso, foram discutidas novas estratégias e ações dentro do escopo previsto para esse grupo e nas quais a SBPC/ML e Controllab terão papel essencial no desdobramento. A integração de dados automática é objetivo futuro dos outros países e somos benchmark no tema. 

“É um privilégio poder contribuir com a comunidade internacional, apresentando a nossa caminhada no tema de indicadores laboratoriais e apoiando a melhoria da segurança dos serviços laboratoriais aos pacientes”, complementa o Dr. Fernando Berlitz.

A Dra. Luisane Vieira participou durante o mesmo congresso da reunião de um grupo de trabalho denominado como “Força Tarefa para um Banco de Dados Global de Intervalos de Referência” ("Task Force on Global Reference Interval Database (TF-GRID)"), como representante da SBPC/ML. 

Um dos principais objetivos do grupo é associar competências e experiências para criar um banco de dados global de intervalos de referência, com objetivo de servir como base de referência para os laboratórios e comunidade científica, na definição dos intervalos referenciais de exames laboratoriais, que apoiam a intepretação de resultados pelos médicos. “Nós iremos elaborar um plano de trabalho e aproveito a oportunidade para solicitar aos que publicaram Intervalos de Referência estimados na população brasileira, que entrem em contato conosco”, reforça a Dra. Luisane Vieira.

A SBPC/ML, em alinhamento ao seu compromisso contínuo de contribuir para a melhoria dos serviços prestados em medicina laboratorial, com a participação ativa da sua diretoria e integrantes da comissão de acreditação do Programa PALC durante o congresso WorldLab/Euromedlab, reforça seu posicionamento de organização referência internacional no o segmento, sendo parceira da IFCC e EFLM na busca pela excelência das práticas nos laboratórios clínicos.