A palestra “Qualidade nos laboratórios clínicos” em tempo de pandemia do 2º Congresso Virtual da SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial mostrou como o sistema de gestão da qualidade dos laboratórios foi fundamental no enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus, assim como irá apoiar a genotipagem das novas cepas do SARS-CoV-2.
A gestora de pesquisas e desenvolvimento da Controllab, Jéssica Gomes, falou um pouco sobre o ensaio de proficiência para covid-19, que envolveu 124 laboratórios e verificou o desempenho analítico dos novos testes de identificação do SARS-CoV-2 que chegavam ao mercado, com o intuito de ter o menor erro analítico possível.
Ela lembra que foi preciso implementar os novos processos ainda sem todas as repostas em função da urgência. Ainda assim, o projeto da Controllab, em parceria com a SBPC/ML, foi acreditado pelo INMETRO como única certificadora do mundo dos exames laboratoriais destinados ao SARS-CoV-2. O projeto envolveu os três grandes grupos de exames: as técnicas moleculares (onde se encontra o padrão ouro, o RT-PCR), os imunológicos automatizados e os testes laboratoriais remotos.
Em todos eles, os laboratórios apresentaram um excelente desempenho e todos os métodos observaram concordância com percentual de 100% e mais de 80% de adequação ao resultado.
Em breve, a iniciativa vai lançar ainda o relatório dos exames de genotipagem do vírus, para avaliação das novas cepas, mas o bom desempenho dos laboratórios até o momento deixa a pesquisadora otimista em relação ao desempenho destes nesta nova etapa.
A médica patologista, presidente do 2º Congresso Virtual da SBPC/ML e superintendente de qualidade segurança da Dasa, Claudia Meira, contou sobre os aprendizados e contribuições da gestão de riscos na pandemia. Para ela, o maior desafio foi a imprevisibilidade do SARS-CoV-2, ao mesmo tempo em que as decisões estratégicas não podiam ser individualizadas, mas de todo o setor.
Foi preciso reavaliar todo o cenário de equipamentos, suprimentos e conciliar com novos treinamentos constantes dos times de atendimento, novos protocolos segurança, novos fluxos de trabalho, novos exames, alta demanda, afastamento do time por doenças, além da própria gestão de risco e segurança do paciente. “Sem dúvida, o papel dos laboratórios foi de muito protagonismo nesta pandemia”, conclui.
Para a biomédica e auditora PALC, Amanda Almeida Fernandes, os laboratórios clínicos foram os atores principais na pandemia, pois sem o RT-PCR não se saberia o destino do paciente e como gerenciar os riscos envolvidos.
Ela comentou sobre a coleta biológica em ambientes diversos e a necessidade de adaptações que precisaram fazer em curto período, como reservar unidades exclusivas para coleta de covid-19, em função da demanda e para dar segurança aos outros pacientes acometidos por outras patologias, principalmente para os que integram o grupo de risco da doença.
Foram criados ainda os modelos drive thru, coleta domiciliar, coleta de paciente com assistência domiciliar (com desospitalização precoce) e coletas empresariais. Além de precisarem implementar o a aumento do protocolo de limpeza, desinfecção e higienização, aumento do quadro do time de higienização e limpeza, a redução e controle de acompanhantes dentro das unidades – limitado apenas aos acompanhantes previstos em lei.
Por fim, o médico especializado em patologia clínica, diretor Administrativo de Expansão do Grupo Sabin e diretor de Acreditação e Qualidade da SBPC/ML, Guilherme Ferreira de Oliveira, apresentou sobre os impactos da pandemia no PALC – Programa de Acreditação do Laboratórios Clínicos da SBPC/ML.
Em 11 de março quando a OMS declarou a covid-19 como uma pandemia, o maior desafio do século 21, o PALC também precisou transformar todas as suas atividades para o modelo virtual, mas não parou: fez auditorias remotas, remodelou processos, acreditou novos laboratórios e manteve o reconhecimento internacional pela IsQUA.
O foco foi manter o cuidado com as pessoas – tanto auditores e equipe PALC quanto os clientes – mas manter o programa vivo.
Em 13 de novembro de 2020 foi lançada ainda a sétima versão da Norma PALC. Oliveira é enfático ao concluir que os laboratórios acreditados responderam melhor à pandemia, o que reforça a importância do setor de qualidade na pandemia e como a qualidade auxiliou na organização da resposta adequada no momento de crise, padronização de novas rotinas e validação de novos métodos necessários para o enfrentamento da pandemia.