A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), por meio do presidente, Fábio Brazão, participou hoje do Webinar “Transformando a saúde dos negócios e das pessoas”. O evento online foi promovido pela empresa Shift, parceira institucional. O encontro foi moderado por Marcelo Lorencin, CEO e fundador da Shift, e contou também com a participação de Maria Elizabeth Menezes, presidente da SBAC - Sociedade Brasileira De Análises Clínicas e do nosso diretor Wilson Shcolnik, como presidente do Conselho de Administração da Abramed. Foi abordada a retrospectiva do mercado de medicina diagnóstica em 2023, trazendo as tendências e os aprendizados para 2024. 

Fábio Brazão iniciou a conversa relatando que em seu biênio na presidência da SBPC/ML enfrentou diversos desafios, como o momento final de pandemia em 2022, e em 2023 um ano com nova RDC para regulamentar os laboratórios e outros locais que preveem a realização de exames.

“Foram momentos desafiadores, onde o setor de laboratórios continua protagonizando a sua diferença, desde a pandemia. Lembro que 70% das decisões médicas dependem de um exame laboratorial e a gente vê os custos para a realização de exames subindo. A indústria precisa captar recursos, as operadoras de saúde não repassam reajustes ou, quando fazem, os reajustes são baixos para os prestadores de saúde, então nós temos grandes desafios para 2024. A automação laboratorial tem contribuído para que a gente continue a prestar um serviço de excelência de forma continuada”, destacou. 

Maria Elizabeth Menezes pontuou que o protagonismo do laboratório vai aumentar em função da miniaturização de plataformas - que vai propiciar aos pequenos laboratórios fazerem mais exames. 

“Porque agora os exames, qualquer um que seja, em plataforma menor, vai diminuir uma série de erros, desde a parte pré-analítica até a fase final, que é o laudo. Porque, para pequenos laboratórios, poderá ser feito, por exemplo, um único exame. Não é uma demanda talvez tão grande como em laboratórios de apoio, mas possibilitará que este laboratório de menor porte faça o exame individualizado. E isso vai fazer com que o protagonismo suba, chegando não apenas em função da inteligência artificial, como foi colocado, mas do fazer e saber fazer dentro das suas instalações. A gente vê um cenário de otimismo”, afirmou.

Dr Wilson complementou a atuação das entidades como SBAC, SBPC/ML, Conselho Federal de Biomedicina, e Conselho Federal de Farmácia, que também estiveram com a Abramed.

“Não conseguimos tudo que gostaríamos, mas acho que nós de alguma maneira conseguimos delimitar o desafio que tínhamos na regulação dos exames realizados fora do laboratório clínico. Eu quero lembrar que o foco da RDC 302, que foi revisada e resultou na RDC 786, era o funcionamento de laboratórios clínicos e nós por uma série de contingências tivemos que discutir muito a questão dos exames realizados fora do laboratório clínico. Na minha opinião, acho que nós conseguimos algum sucesso, porque os critérios definidos para a realização dos exames fora do laboratório são bastante rígidos. Eu acho que vai competir a cada um de nós fiscalizar o que está acontecendo em farmácias, como estão sendo realizados os exames, porque nós temos uma grande preocupação em atender bem aos nossos pacientes e não submetê-los a nenhum tipo de risco”, disse o diretor da Abramed.

Fábio Brazão falou também que foram dois anos de um grande desafio na sua gestão como presidente. A SBPC/ML procurou seguir a sua missão, a sua visão, que é levar o conhecimento técnico-científico pelo Brasil todo.

“Nós temos nove diretores, temos dezesseis comitês técnicos-científicos e uma equipe de profissionais e fizemos nesse biênio sete jornadas pelo Brasil, de norte a sul do Brasil, fizemos agora esse ano em São Paulo, em setembro, um Congresso Brasileiro e Mundial, com quase sete mil pessoas. Estreitamos relações com as entidades internacionais, a WASPaLM, a latino-americana, a ALAPAC/ML, uma entidade europeia, a IFCC, a ADLM, que é uma entidade americana, e outras sociedades internacionais. Isso culminou no Congresso Mundial. E dessa campanha, nesse Congresso Mundial, nós lançamos mais um livro, de Recomendações em Medicina Laboratorial. É o 12º livro que a SBPC/ML lança, e distribui gratuitamente. Nós traduzimos o último livro antes deste para o espanhol e agora, iniciamos o projeto de traduzir este 12º livro também para o espanhol, para que as pessoas da América Latina possam ter acesso. E nesse Congresso nós lançamos também a campanha com as entidades: SBAC, ABRAMED, CBDL e a Associação Paulista de Biomedicina: “Eu confio no laboratório”. Uma campanha que evidencia a expertise e a precisão diagnóstica dos laboratórios clínicos no país. Esse tema é muito importante porque as pessoas podem fazer exame agora em vários locais. É permitido, mas como o Wilson falou, tem restrições, tem exigências normativas, legais, regulatórias para serem cumpridas. O paciente precisa ter segurança e qualidade no exame, então, o local que pretende fazer o exame é importante. O laboratório historicamente já tem um programa da garantia da qualidade montado, e fora do laboratório, com a nova norma regulatória, este programa também é obrigatório. Tem que fazer gestão de equipamentos, gestão de risco, gestão de documentos, gestão de pessoas. Então, esse investimento, como o Wilson falou, é o que tem que ser fiscalizado. Na SBPC/ML, o exame solicitado da forma correta é importante, e a Sociedade participa de campanha de uso racional de exames laboratoriais. A terceira lista de exames em conjunto com o Choosing Wisely Brasil foi lançada também no último Congresso. Nós divulgamos cinco novas recomendações do que não se deve fazer. Então finalizando, nesses dois anos, podemos fortalecer essa união entre as entidades e eu sempre digo: com trabalho, sempre com humildade, junto com todas as entidades que já foram faladas aqui, tanto nacionais como internacionais, fica mais fácil para enfrentar os desafios. Devemos continuar essa união para facilitar o cumprimento da nossa missão”.