A tecnologia cresce num ritmo acelerado e para a patologia clínica é forçoso manter uma educação continuada atualizada

O Século XXI deverá ser conhecido pelos inúmeros surtos virais, que desafiaram a comunidade médica e científica em todo mundo. Novas doenças, com potencial pandêmico, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), Influenza A (H1N1) e mais recentemente o Covid-19. Sem contar as infecções sazonais, como as arboviroses e as respiratórias. Além de serem identificadas pelo processo infeccioso provocado pela ação de um vírus, o que teriam em comum? O desempenho e o papel estratégico da medicina laboratorial frente ao diagnóstico.  

No enfrentamento a SARS, em 2003, o compartilhamento de informações e tecnologias, nos permitiram conhecer melhor os agentes e desenvolver métodos diagnósticos eficientes para o controle da doença. Para diagnosticar o vírus H1N1, 2009, o país produziu seus próprios reagentes biomoleculares usados nos laboratórios para detectar a doença. Esforço organizado por profissionais de ciências médicas, a partir de 2020, que desenvolveram testes diagnósticos, vacinas e estratégias terapêuticas, como visto na pandemia do Covid-19, com o trabalho de excelência desenvolvido pela Fiocruz e Instituto Butantan, responsáveis pela produção de vacinas do país, incluindo o coronavírus. 

E por que a patologia clínica se torna fundamental neste processo? “É essencial para os laboratórios apresentarem métodos diagnósticos e laudos precisos, validados por profissionais técnicos capacitados, que atestem a veracidade dos resultados”, afirma o Dr. Leonardo Vasconcellos, Diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial. Afinal, sem o sequenciamento do genoma do Sars-CoV-2, os métodos de diagnóstico por biologia molecular e até mesmo as vacinas não teriam sido tão eficazes ou desenvolvidos rapidamente.  

O anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS), para que o mundo se prepare para um surto ainda mais mortal, confirma que é necessário formar profissionais clínicos e de laboratório capazes de atender a demanda dos novos exames e tecnologias. O lançamento da Rede Internacional de Vigilância de Patógenos é um passo para criar uma conexão com países para compartilhar informações, amostras e análises antes que as ameaças se tornem pandemias. 

“É estratégico para área da saúde pública e privada que todos os profissionais da área de saúde tenham conhecimento para lidar com os resultados dos exames laboratoriais, já que desempenham importante papel na prevenção e diagnóstico”, comenta o diretor de ensino da SBPC/ML.  

A especialidade é tão relevante que o CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças), no capítulo 18, compreende que sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratórios, separadamente não definem um diagnóstico. “As áreas que mais avançam na medicina laboratorial são a biologia molecular e genômica, por isso se faz necessário seu aprofundamento nos programas de Residência Médica e  Titulação de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial”, esclarece o Dr. Leonardo Vasconcellos. 

“O diferencial da Patologia Clínica é poder interagir com todas as demais áreas da saúde, agregando valor principalmente na prevenção, diagnóstico e prognóstico das doenças, via interface entre clínica e laboratório", finaliza o Diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. 

Estima-se que existam no mundo 7.500 diferentes testes diagnósticos disponíveis, entre rotina e pesquisa, no Laboratório Clínico. A medicina laboratorial é uma área promissora, que vem se destacando pelos avanços nos métodos de diagnósticos e descoberta de biomarcadores de elevada acurácia. 

O desempenho da SBPC/ML é disseminar o conhecimento clínico-laboratorial, entre os pares e as sociedades médicas, promovendo a educação continuada para tornar mais eficiente e preciso, o diagnóstico na assistência ao paciente.