Dr. Wolfgang Kern, um dos fundadores do Laboratório de Leucemia de Munique (MLL), a convite da Dra. Nydia Bacal, realizaram a Conferência Magna “Como a inteligência artificial pode ajudar no diagnóstico em hematologia e onde estamos e até onde podemos ir?”, parte da programação do 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), no dia 5 de outubro, em Florianópolis.

O médico falou sobre a estrutura organizacional do MLL, descrevendo o sucesso por meio de automação, computação em nuvem, inteligência artificial e diagnóstico molecular de última geração que pode processar dados do genoma do paciente em 3h – um grande avanço em relação aos 13 anos necessários para mapear o primeiro genoma humano.

A missão do MLL, hoje é melhorar o atendimento de pacientes com Leucemia e Linfoma por meio de diagnósticos de ponta. Para fazer isso, o laboratório usa uma abordagem interdisciplinar que combina seis disciplinas – citomorfologia, imunofenotipagem, análise cromossômica, hibridização in situ por fluorescência (FISH), genética molecular e bioinformática – resultando em um relatório abrangente de laboratório integrado.

Nos 15 anos desde a sua abertura, o MLL processou mais de 750.000 amostras de configurações em todo o mundo. O número de funcionários cresceu de apenas 29 para mais de 200. 

Através do "controle de pedidos", evita-se diagnósticos desnecessários e desperdício de tempo e dinheiro, tornando todo o processo mais rápido e barato.

Quando uma amostra chega ao MLL, ela entra em um mundo de extensa automação e digitalização. Ele é adicionado ao banco de dados do MLL, depois rotulado com um código de barras exclusivo para o sangue ou medula óssea de cada paciente e, finalmente, encaminhado para lise celular para amplificação.

Em seguida, os robôs dividem as amostras em porções iguais e as colocam em frascos rotulados com código de barras. Esses frascos são congelados automaticamente em grandes unidades de refrigeração. Na manhã seguinte, o robô recupera automaticamente esses frascos para análises adicionais em um formato de placa de 96 poços.

Outras máquinas preparam o DNA e outro conjunto de dispositivos prepara as amostras para máquinas de sequenciamento. O código de barras atribuído a cada amostra pode ser lido em todas as estações de trabalho e dispositivos em todo o laboratório. O banco de dados do laboratório é atualizado automaticamente à medida que a amostra é transferida entre a equipe e o equipamento, permitindo que qualquer pessoa que consulte as descobertas sobre a amostra receba as informações mais recentes. "Cada amostra pode ser rastreada a cada segundo através de cada máquina e técnico".

Depois que o sequenciamento é concluído e cada nova informação é inserida no banco de dados do laboratório, um sistema automatizado define as próximas etapas para processamento, medição, avaliação e diagnóstico. 

No futuro, as técnicas moleculares serão os métodos mais importantes para nos ajudar a capturar todas essas informações, hoje, o diagnóstico genético se baseia na citogenética e na análise de mutações. Em breve, o MLL fará mais sequenciamento do genoma e do transcriptoma completo.

A visão de futuro é incluir o perfil de expressão gênica nos diagnósticos, podendo até capturar características que agora são determinadas por imunofenotipagem e citomorfologia. 

Computação mais poderosa e capacidade de dados ilimitada por meio do armazenamento em nuvem ajudaram o laboratório a acelerar sua pesquisa: os técnicos podem executar até 18 pacientes por execução de todo o genoma e o laboratório executa até 150 genomas por semana.

O MLL tem mais de 3 pentabytes de dados dos genomas e transcriptomas retirados de mais de 5.000 casos que estão completamente caracterizados, e podem olhar para trás para ver como o sequenciamento do genoma pode adicionar mais informações ou apoiar as informações que obtém com as técnicas de rotina que usam. O MLL está usando ferramentas de computação em nuvem e inteligência artificial para atingir esses objetivos de pesquisa.

Os resultados da pesquisa da MLL são publicados em revistas internacionais revisadas por pares e apresentados em conferências médicas e eventos científicos. 

Em citogenética, por exemplo, o MLL desenvolveu um algoritmo baseado em inteligência artificial (IA) para realizar cariotipagem, em vez de ter um morfologista revisando as metáfases manualmente. A IA também foi incorporada em ensaios piloto em imunofenotipagem e citomorfologia, onde a classificação das células é feita com base na IA.

A tecnologia mais importante usada para agilizar o fluxo de trabalho no MLL é seu sistema proprietário de informações e gerenciamento de laboratório (LIMS). O sistema está em constante atualização. Ele tem quatro rollouts por dia, ou seja, quando um técnico vem trabalhar em um determinado dia, ele não estará usando a versão LIMS do dia anterior.

Ele observou que cerca de 50% das máquinas do MLL são organizadas pelo sistema LIMS. A maioria dos dispositivos no laboratório é interconectada por meio de sensores, software e outras tecnologias, economizando tempo e minimizando o risco de erro humano. "São credenciados de acordo com os mais altos padrões da Europa: ISO 15189 e 17025. "Querem estar sempre na vanguarda do que vem a seguir." Esse desejo tem levado os fundadores a adotar e incorporar totalmente a tecnologia em seu laboratório.

 

Dos dias 4 a 6 de outubro, ao longo do 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), foram lançados, no estande da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), quatro livros. Os títulos são: “Versando sobre o Tema Patologia Clínica”; “PREMATURIDADE”, com o apoio científico da SBPC/ML e patrocínio da empresa CELER; “Medicina Laboratorial em Pediatria” e “Bioquímica Clínica”.    

“Leucemia Mielóide Aguda/SMD - o que temos de novo?” foi o tema da mesa redonda que tratou das atualizações da classificação da doença a partir da última publicação da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2016, durante o 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial, ocorrida em Florianópolis, no último dia 5.  Essa classificação é revista de tempos e tempos, à luz de novas informações científicas e de avanços da tecnologia. 

O patologista clínico Nélson Medeiros, do serviço de hematologia do Hospital das Clínicas e presidente da mesa, ressalta que a renovação constante desse conhecimento, permite à ciência chegar a novas drogas, como vem acontecendo, e contribuir para o melhor detalhamento do diagnóstico, prognósticos e indicações de tratamento.

As atualizações definidas pela OMS incorporaram, com o tempo, levam em conta aspectos clínicos, morfológicos e genéticos. A mesa contou com exposições específicas de cada uma delas, com as presenças do Doutor Paulo Augusto Silveira, hematologista, que tratou dos aspectos cito morfológicos da síndrome mielodisplásica; seguido pela doutora Ilana Renault, coordenadora do laboratório do Instituto do Câncer que falou das atualizações e interpretações da classificação da OMS, doutora Elvira Velloso, hematologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, tratou dos avanços diagnósticos na Síndrome Mielodispásica e o doutor Alex Freire Sandes, hematologista e professor de hematologia e hemoterapia da Universidade Federal de São Paulo, sobre o que é possível fazer a partir da imunotipagem.

Imagine os ambientes tridimensionais dos videogames. Nesse cenário virtual, pessoas interagindo, de fato, “dentro” da internet.  A primeira situação, a da imagem em 3D, é chamada de realidade virtual e a menção a interação real com a realidade virtual é como é definido conceito de metaverso. Agora, transporte essa cena para uma sala de cirurgia ou para um exame de alta complexidade

“Abre-se um mundo com infinitas possibilidades. E é nesse ambiente, onde a realidade virtual e o metaverso se misturam, que a medicina vai atuar cada vez mais”, diz o doutor Carlos Ballarati, médico patologista, que convive com essas novas tecnologias e é um entusiasta das infinitas possibilidades abertas. "Permite uma atuação mais inteligente e mais rápida dos profissionais e vai proporcionar treinamentos em várias áreas. Treinamento em cirurgias robóticas, em telemedicina, para citar algumas. Também acredito em novas possibilidades em saúde mental, como o estudo de psicotrópicos.  É um novo passo na era da internet", conclui. 

Essas informações foram debatidas na mesa "Realidade virtual e metaverso: o futuro aplicado à medicina laboratorial", durante o 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML). 

A apresentação contou, também, com a participação do professor Murilo Cervato, graduado em Informática Biomédica e o Dr. Leonardo Vasconcellos, diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML). 

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e o presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) apresentam exames incorporados ao Rol da ANS fundamentais para o melhor diagnóstico da população, durante o 54º CBPC/ML – Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial.

 

A pré-eclâmpsia ainda é a principal causa de morte materna no Brasil, responsável por 15% dos partos prematuros, algo entre duas e três mulheres por dia, e somente com o esforço conjunto das entidades o exame de biomarcadores de pré-eclâmpsia (sFlT-1/PlGF) passou a ser um direito do beneficiário dos planos de saúde.

 

“Tão importante quanto o nosso trabalho científico de apresentar as evidências científicas para a incorporação do exame no novo Rol é ampliar o conhecimento da classe médica e da população sobre esse novo direito garantido”, comenta Dr. Álvaro Pulchinelli, vice-presidente da SBPC/ML.

O Dr. Carlos Eduardo de Paula Gouvêa, presidente executivo da CBDL, reforça o trabalho feito pelas entidades na conferência “Conheça os novos exames incorporados no rol da ANS”. apresenta os novos exames incorporados no rol da ANS” e diz que a divulgação desse direito é importante tanto no Rol taxativo ou exemplificativo. 

Outro exame também incorporado foi a procalcitonina, biomarcador inflamatório, que é usado para o diagnóstico diferencial entre infecções virais e bacterianas sistêmicas e que provou diminuir o uso de antibióticos sem prejudicar o desfecho do paciente e auxiliar como marcador da gravidade na covid-19. 

Além dos exames citados, o teste de Calprotectina fecal ajuda os médicos a identificar e diferenciar as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) e o teste IGRA (Interferon Gamma Release Assay) - têm demonstrado ser excelente ferramenta para o auxílio da tuberculose latente.

Dr. Álvaro Pulchinelli lembra que os exames laboratoriais correspondem a 70% dos diagnósticos e devem ser vistos pelos médicos e pela população como um benefício à saúde.